
O embaixador da Itália no Brasil, Alessandro Cortese, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo nesta sexta-feira, 13 de junho de 2025, que a prisão da parlamentar, foragida no país europeu, “pode acontecer a qualquer momento”. A fala vem após a inclusão de Zambelli na lista vermelha da Interpol, a pedido do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou sua prisão definitiva por suposta invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão do STF, liderada pelo ministro Alexandre de Moraes, também ordenou a cassação de seu mandato, gerando tensões com a Câmara dos Deputados. A direita brasileira, liderada por figuras como André Fernandes (PL-CE) e Nikolas Ferreira (PL-MG), denuncia a medida como perseguição política orquestrada pela esquerda, enquanto o PT celebra o cerco judicial contra uma das vozes mais combativas do bolsonarismo. A situação de Zambelli, que enfrenta problemas de saúde psicológica, torna-se ainda mais dramática com a iminência de sua detenção na Itália.
O Alerta do Embaixador: Uma Prisão Iminente
Em entrevista publicada hoje, 13 de junho, Alessandro Cortese confirmou que as autoridades italianas estão cientes do pedido de extradição de Zambelli, formalizado pelo STF após sua condenação a 10 anos de prisão em regime fechado por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. “A Itália respeita acordos internacionais e está em contato com o Brasil. A prisão da deputada pode ocorrer a qualquer momento, dependendo das autoridades competentes”, declarou o embaixador. Segundo a CNN Brasil, Zambelli, que cruzou a fronteira com a Argentina em 25 de maio e embarcou para a Itália via Estados Unidos, está em local não revelado, mas fontes da Interpol indicam que sua localização foi identificada em Milão.
O alerta de Cortese intensifica a pressão sobre Zambelli, que afirmou buscar tratamento médico para depressão, síndrome de Ehlers-Danlos e síndrome da taquicardia postural ortostática. A deputada, em nota publicada no X antes da suspensão de suas redes sociais, denunciou o STF como um “tribunal de exceção” e prometeu recorrer a cortes internacionais, como a Corte Europeia de Direitos Humanos, para denunciar a “ditadura judicial” brasileira. A possibilidade de prisão na Itália, onde Zambelli possui cidadania, reacende o debate sobre a validade de sua extradição, já que o país proíbe a entrega de cidadãos nacionais a nações estrangeiras, conforme o artigo 26 da Constituição italiana.
O Contexto da Condenação: Um Julgamento Polêmico
Carla Zambelli foi condenada em maio de 2025 pela Primeira Turma do STF, com base em depoimentos do hacker Walter Delgatti Netto, que a acusou de orquestrar a inserção de um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes no sistema do CNJ. A defesa da deputada contesta a falta de provas materiais, argumentando que as acusações se sustentam apenas nas palavras de Delgatti, descrito como “mitômano” pela Polícia Federal. Além da pena de prisão, Zambelli enfrenta a perda de seu mandato, determinada por Moraes, que notificou a Câmara dos Deputados para formalizar a cassação. A decisão gerou atritos com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que, após recuar de uma posição inicial de não pautar a votação, anunciou que o plenário decidirá o destino do mandato.
A oposição, liderada por André Fernandes, classificou a perseguição a Zambelli como um “ataque à democracia” e uma tentativa de silenciar vozes conservadoras. “O STF, sob o comando de Moraes, age como um braço do PT para esmagar a direita”, declarou Fernandes à Jovem Pan. Enquanto isso, deputados do PT, como Lindbergh Farias (PT-RJ), defendem a condenação, alegando que “Zambelli fugiu da justiça e desrespeitou o povo brasileiro”. A polarização se intensifica nas redes sociais, com hashtags como #ZambelliResiste e postagens de usuários como @PatriotaBR22, que afirmam: “A esquerda quer prender Carla para calar o Brasil. Não passarão!”
A Crise na Câmara: Autonomia em Xeque
A decisão de Hugo Motta de pautar a cassação de Zambelli no plenário, anunciada em 10 de junho, foi uma resposta à pressão da oposição, mas não apaziguou as tensões com o STF. A votação, marcada para a próxima semana, exige 257 votos para confirmar a perda do mandato, mas a mobilização do PL e de aliados bolsonaristas, como Bia Kicis (PL-DF), pode resultar na manutenção do cargo de Zambelli, em um gesto de desafio ao Judiciário. Segundo o Metrópoles, deputados do Centrão, como PSD e PP, estão divididos, temendo represálias do STF, que já demonstrou disposição para ignorar decisões do Legislativo, como no caso das emendas parlamentares.
Juristas, como Katia Magalhães, reforçam que o artigo 55 da Constituição garante ao plenário a decisão final sobre cassações, e a ordem de Moraes para uma perda automática é inconstitucional. “O STF não pode substituir a vontade popular representada pela Câmara. Isso é um atentado à separação dos poderes”, afirmou Magalhães à GloboNews. A possibilidade de um confronto aberto entre Legislativo e Judiciário cresce, com a direita alertando para o risco de uma “crise institucional” caso o STF tente impor a cassação.
O Drama Psicológico de Zambelli: Uma Líder Acuada
A iminência da prisão agrava o quadro psicológico de Carla Zambelli, que enfrenta depressão e condições médicas graves. Em entrevista à Rádio Auriverde antes de deixar o Brasil, a deputada afirmou que “não sobreviveria à cadeia” devido à sua saúde fragilizada. O bloqueio de suas contas bancárias, a suspensão de suas redes sociais e as medidas contra sua mãe, Rita Zambelli, e seu filho, João Zambelli, intensificam o que a direita chama de “linchamento judicial”. “O STF não ataca apenas a deputada, mas a mulher e a mãe. É uma perseguição cruel”, declarou Zambelli em nota.
O isolamento político, agravado pelo distanciamento de Jair Bolsonaro, que a responsabilizou pela derrota nas eleições de 2022, deixa Zambelli em uma posição vulnerável. Antes uma líder carismática do movimento “Nas Ruas”, ela agora luta sozinha em solo italiano, onde enfrenta a ameaça de detenção. A mobilização de aliados como Nikolas Ferreira, que publicou no X: “Carla é vítima de um sistema que odeia a direita. Não a deixaremos sozinha”, tenta reacender o apoio, mas a incerteza sobre sua extradição mantém a tensão.