
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou o tom contra o Irã nesta terça-feira, 17 de junho de 2025, ao declarar que “a paciência está acabando” devido aos ataques iranianos contra Israel e à recusa de Teerã em aceitar um acordo nuclear. Em uma série de postagens no Truth Social e durante um breve pronunciamento na Casa Branca, Trump afirmou que os EUA estão “prontos para agir” caso o Irã ameace cidadãos ou interesses americanos, mas reiterou que busca evitar uma guerra total. A declaração, feita no quarto dia de confrontos entre Israel e Irã, que já deixaram dezenas de mortos, intensifica a crise no Oriente Médio e preocupa aliados do G7, que temem uma escalada regional. Enquanto a oposição democrata nos EUA critica a retórica beligerante, aliados republicanos e Israel elogiam a postura firme de Trump, mas o futuro das negociações nucleares permanece incerto, com o mundo à beira de um conflito de proporções imprevisíveis.
A Declaração de Trump: Um Ultimato ao Irã
Durante um pronunciamento na Casa Branca, Trump afirmou: “O Irã está jogando com fogo. Eles atacam Israel, nosso grande aliado, e pensam que podem continuar sem consequências. A paciência está acabando, e os EUA estão prontos para agir se necessário. Queremos paz, mas não aceitaremos provocações.” No Truth Social, ele foi ainda mais direto, escrevendo: “Teerã deve parar seus ataques agora, ou enfrentará um poder militar como nunca viu. Estamos no controle total dos céus do Irã. A escolha é deles.” A retórica belicosa veio após o Irã lançar cerca de 400 mísseis balísticos contra Tel Aviv e Haifa na segunda-feira, 16 de junho, em retaliação aos ataques israelenses a instalações nucleares iranianas, iniciados na sexta-feira, 13 de junho.
Trump também mencionou o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, repetindo a afirmação de que ele é um “alvo fácil”, mas descartou, por ora, qualquer plano de assassiná-lo. “Não queremos matar ninguém agora, mas Khamenei sabe que não pode testar nossa determinação”, disse. A declaração reforça a postura de pressão máxima, característica de Trump, que combina ameaças militares com promessas de contenção para evitar um envolvimento direto dos EUA no conflito.
Contexto: Escalada Militar e Colapso Diplomático
A crise atual teve início com a “Operação Leão Ascendente”, lançada por Israel em 13 de junho, que destruiu parte das instalações nucleares de Natanz e matou altos comandantes da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), incluindo Hossein Salami. Israel justificou os ataques como uma medida preventiva contra o programa nuclear iraniano, que, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, está “a semanas” de produzir uma bomba atômica. O Irã respondeu com ataques massivos de mísseis e drones, que causaram danos limitados em Israel devido ao sistema de defesa Iron Dome, mas intensificaram o temor de uma guerra regional.
As negociações nucleares entre EUA e Irã, mediadas por Omã, foram canceladas no domingo, 15 de junho, após os ataques israelenses. Trump, que busca um novo acordo para substituir o JCPOA (acordo nuclear de 2015), exigiu que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio e o apoio a grupos como Hamas e Hezbollah, condições rejeitadas por Teerã. O presidente americano vetou, na semana passada, um plano israelense para assassinar Khamenei, conforme revelado pela Reuters, mas sua paciência com o Irã parece estar se esgotando, especialmente após relatos de que drones iranianos atingiram uma base americana na Síria, sem causar vítimas.
Reações nos EUA: Apoio Republicano e Críticas Democratas
A declaração de Trump dividiu opiniões nos EUA. Republicanos, como o senador Lindsey Graham, elogiaram a postura, publicando no X: “Trump está mostrando ao Irã que os EUA não recuarão. É hora de Teerã dobrar o joelho.” O vice-presidente JD Vance reforçou: “Estamos com Israel, e o presidente está certo em proteger nossos aliados.” No entanto, democratas e republicanos isolacionistas criticaram a retórica. A deputada Alexandria Ocasio-Cortez (D-NY) acusou Trump de “jogar com a vida de milhões” ao provocar o Irã, enquanto o senador Rand Paul (R-KY) alertou que uma guerra no Oriente Médio seria “desastrosa” para os EUA.
A resolução apresentada na Câmara na segunda-feira, liderada por Thomas Massie (R-KY) e Ro Khanna (D-CA), para exigir autorização do Congresso antes de ações militares contra o Irã, ganhou apoio bipartidário, refletindo a relutância em endossar uma escalada sem debate. No X, a hashtag #TrumpNoIran ganhou força, com usuários como @progressivepulse questionando: “Por que Trump está nos levando a outra guerra no Oriente Médio?” enquanto @magaforce22 elogiava: “Trump é o único líder com coragem para enfrentar o Irã.”
Reações Internacionais: Alarme e Chamados à Contenção
A comunidade internacional reagiu com preocupação. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu “diálogo imediato” para evitar uma guerra regional, enquanto a China e a Rússia condenaram os ataques israelenses e a retórica de Trump. O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, acusou os EUA de “desestabilizar o Oriente Médio com ameaças irresponsáveis”. O presidente francês Emmanuel Macron, em comunicado do G7, alertou que “uma escalada militar seria catastrófica” e pediu a retomada das negociações nucleares.
O Irã, por sua vez, respondeu com firmeza. O ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, declarou à Press TV que “as ameaças de Trump revelam o desespero americano diante da resiliência iraniana”. O aiatolá Khamenei, em um raro pronunciamento televisionado, afirmou que “o Irã não se curvará ao imperialismo” e prometeu “retaliação proporcional” contra Israel e seus aliados. A Guarda Revolucionária anunciou exercícios militares em larga escala no Golfo Pérsico, aumentando o risco de confrontos no Estreito de Ormuz, por onde passa 20% do petróleo mundial.
Impacto Regional: Um Conflito à Beira do Abismo
Os confrontos entre Israel e Irã continuam, com Israel atingindo alvos em Isfahan e Karaj na terça-feira, enquanto o Irã mobilizou proxies como os Houthis no Iêmen, que lançaram drones contra navios no Mar Vermelho. Em Teerã, explosões forçaram a evacuação de áreas residenciais, e o governo iraniano enfrenta críticas internas por sua incapacidade de proteger o país. Em Israel, sirenes de alerta soam em cidades como Jerusalém, e o governo Netanyahu enfrenta pressão para intensificar os ataques.
O Pentágono reforçou sua presença na região, enviando o porta-aviões USS Gerald R. Ford e caças F-22 ao Golfo Pérsico, mas Trump negou qualquer envolvimento direto nos ataques israelenses. Analistas do New York Times alertam que a retórica de Trump, embora destinada a pressionar o Irã, pode unir o regime iraniano e seus aliados, como a Síria e o Hezbollah, em uma frente antiamericana. A interrupção do Estreito de Ormuz, ameaçada pelo Irã, já elevou os preços do petróleo em 15%, impactando a economia global.