O Tabuleiro Politico

Em um evento no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu sinais claros de que pretende disputar a reeleição em 2026, buscando um histórico quarto mandato presidencial. Durante seu discurso, Lula afirmou: “Se preparem. Se tudo correr como estou pensando, este país terá, pela primeira vez, um presidente eleito quatro vezes pelo povo brasileiro.” A declaração, feita em meio a tensões com o Congresso Nacional e baixa popularidade, reflete uma tentativa do petista de mobilizar sua base e projetar força política, enquanto enfrenta uma crise institucional agravada pela recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A fala de Lula ocorre em um momento delicado, com sua aprovação em queda, segundo pesquisas recentes. A sondagem Genial/Quaest de setembro de 2024 revelou que a aprovação de seu governo caiu de 54% para 51%, pressionada por inflação persistente e dificuldades em formar uma coalizão sólida no Congresso. Apesar disso, Lula minimizou as tensões com o Legislativo, elogiando o trabalho dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). “Sou grato ao Congresso. Não quero nervosismo, quero diálogo. Isso é bom para sentarmos à mesa e resolvermos as coisas”, disse o presidente, numa tentativa de apaziguar o embate após a derrubada dos decretos do IOF pelo Legislativo.

Estratégia Política ou Improviso Arriscado?

A menção à reeleição parece ser um movimento estratégico para galvanizar apoiadores, mas também expõe a fragilidade do governo petista. Com 79 anos e enfrentando problemas de saúde, como duas cirurgias de emergência em 2024 para tratar sangramentos cranianos, Lula busca reforçar sua imagem como líder indispensável para impedir o avanço de adversários, a quem já chamou de “trogloditas”. A referência, usada em 2024, foi interpretada como um ataque à oposição de direita, especialmente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, embora inelegível até 2030, mantém influência em setores conservadores.

Os elogios ao Congresso, por outro lado, contrastam com a recente derrota do governo na votação que derrubou os decretos do IOF, uma medida que visava arrecadar R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 20 bilhões em 2026. A intervenção do ministro Alexandre de Moraes, que suspendeu tanto os decretos presidenciais quanto a decisão legislativa, colocou o STF como árbitro da disputa, evidenciando a fraqueza de Lula frente a um Congresso assertivo. Ao elogiar o Legislativo, Lula tenta reconstruir pontes, mas analistas apontam que a falta de uma coalizão estável pode inviabilizar sua agenda econômica, como a prometida taxação dos super-ricos, defendida por setores do PT.

O Papel do Congresso e os Desafios de Lula

A relação de Lula com o Congresso é marcada por altos e baixos. Durante seus mandatos anteriores (2003-2010), o petista foi bem-sucedido em formar alianças amplas, mesmo com partidos de centro-direita, como o MDB e o PP. Contudo, a atual legislatura, dominada por forças conservadoras e aliados de Bolsonaro, apresenta um desafio maior. O Partido Liberal (PL), de oposição, consolidou-se como a maior bancada no Congresso após as eleições de 2022, dificultando a aprovação de pautas progressistas. A necessidade de negociar com líderes como Motta e Alcolumbre, que têm agendas próprias, expõe a dependência de Lula de acordos políticos para governar.

A menção à reeleição também pode ser lida como uma resposta às especulações sobre sucessores no PT. Nomes como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, aparecem em debates internos, mas Lula parece determinado a manter o controle da narrativa. “A esperança do povo fortalece a candidatura que une o Brasil”, declarou o deputado Vander Loubet (PT-MS), reforçando o discurso de continuidade do projeto petista.

Um Cenário de Polarização e Incertezas

O anúncio de Lula ocorre em um contexto de polarização política e econômica. A inflação, que erode o poder de compra das famílias, e a crise educacional pós-pandemia são desafios que o governo petista enfrenta com dificuldade. Apesar de promessas de retorno de programas como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, a falta de recursos fiscais e a resistência do Congresso limitam as ambições do Planalto. A decisão de Moraes de convocar uma audiência de conciliação para 15 de julho, envolvendo Lula, Motta, Alcolumbre, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), reforça a percepção de que o STF continua a desempenhar um papel central na resolução de conflitos institucionais, muitas vezes em detrimento da autonomia do Executivo e do Legislativo.

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